Braga é, historicamente, uma cidade talhada para ser capital. Capital não no sentido convencional do termo, mas mais no seu sentido etimológico, de cabeça, de capacidade de liderança, de assumpção do papel principal nas mais diversas questões.
Desde os tempos da Bracara Augusta que assim é, e nas mais diversas fazes da sua história sempre manteve esse cunho, quer pela via política, quer pela via religiosa, quer pela via administrativa.
Não é pois de estranhar que Braga tenha criado ao longo dos anos o mais variado tipo de identificação, com a região, como capital minhota, com a igreja, como cidade dos arcebispos, com o passado histórico, como Bracara Augusta, a capital da Galécia.
Todos esses “slogans” tiveram esse traço comum, de projectar Braga para o exterior, de criar marcas que fossem o reflexo das suas particularidades, características, capacidades de intervenção, enfim, do seu valor intrínseco.
E sendo este um processo dinâmico, de ordem temporal, a pergunta impõe-se: Qual é a nossa marca de hoje, quais os factores que nos podem diferenciar hoje enquanto cidade?
Num mundo cada vez mais globalizado, no qual as distâncias físicas são constantemente superadas pela capacidade tecnológica, no qual o conhecimento está apenas à distância de um “click”, no qual a competitividade deixou de se fazer à escala local passando a fazer-se à escala global, parece-me evidente que o grande motor de diferenciação de uma cidade, o principal factor gerador de valor, será a sua capacidade de inovar. A marca da Braga de futuro terá de ser, inevitavelmente, a Inovação.
E neste campo Braga tem tudo para triunfar. Basta analisar o passado recente e as forças vivas da cidade para nos apercebermos que Braga tem reunidas óptimas condições para se projectar de uma nova forma, para assumir a liderança neste campo, para deixar para trás os “slogans” do passado e afirmar-se definitivamente como uma verdadeira capital de futuro, de inovação.
Vejamos:
Fruto de uma política autárquica que primou por um forte crescimento da cidade, assente na atractividade, temos hoje um concelho com uma elevada dimensão populacional que nos permite ter uma massa crítica importante, fundamental para este processo.
Fruto das políticas sociais implementadas, algumas delas inovadoras a nível nacional, temos um concelho com uma forte coesão social, com um nível educacional elevado e abrangente, com uma harmonia invejável nas freguesias, onde o município de Braga, dando forma ao princípio da subsidiariedade a nível local, foi pioneiro na delegação de competências permitindo a fixação das populações nas suas freguesias.
Fruto de uma gestão integrada com outros municípios temos hoje em Braga uma das universidades mais dinâmicas do país, a Universidade do Minho, que produz continuamente quadros de excelência nas mais diversas áreas, com especial ênfase nas novas tecnologias, com reflexos óbvios em termos de inovação.
Estamos pois perante um quadro que só por si poderia justificar este epíteto de Capital da Inovação, mas temos mais. O futuro próximo traz-nos um investimento que poderá dar ainda mais corpo a esta ideia e afirmar definitivamente Braga neste contexto, o qual não me canso de referir porque o considero fulcral, o Centro Ibérico de Investigação em Nanotecnologia.
E se aliarmos esta questão com o nosso posicionamento geográfico na península, com a proximidade com dois grandes centros como o Porto e Vigo, com as boas acessibilidades actualmente existentes e com uma futura paragem do TGV, poderemos de facto estabelecer aqui uma verdadeira Capital da Inovação, ou se quiserem, um centro de Investigação e Desenvolvimento (I&D) do noroeste peninsular.
É claro que tal requer o envolvimento de todos os agentes económicos, a criação de parques tecnológicos de ponta que acolham as empresas e os seus “researchers”, um pouco á semelhança do Tagus Park, que se transformou num centro de I&D da região de Lisboa.
Mas também isso já está a ser feito! Por iniciativa do Município conjuntamente com a AIMinho já temos a “TechValley, SA” sociedade constituída para esse fim, temos também diversas entidades no campo da investigação como o IDITE-Minho e os diversos Departamentos da Universidade do Minho, e um sem número de empresas na área das novas tecnologias com uma excelente capacidade empreendedora e vontade de investir.
Temos pois todos os ingredientes, sendo este o momento de envolver a cidade e os bracarenses neste objectivo, preparando o terreno e promovendo a participação integrada de todos os agentes, sem excepção. A sinergia resultante terá repercussões óbvias na projecção da cidade e na qualidade de vida das suas gentes.
Ao contrário dos fatalistas do costume, Braga, Capital da Inovação, está na forja. A cidade de futuro está aí. Vamos assumi-la! Vamos agarrar a oportunidade! Já!